E
não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos
do Espírito (Efésios 5.18)
O que é ser cheio do Espírito Santo? A Bíblia de Estudo de
Genebra, em seu comentário, afirma que enquanto o selo do Espírito é a
iniciação na vida cristã, (conf. Ef. 1.13-14; 4.30), e portanto, não se
repete, o encher-se do Espírito pertence a vida cristã inteira. Logo, a
vida plena, cheia do Espírito Santo, deve ser continuamente buscada, como
ensina o apóstolo Paulo em Efésios 5.18. Esse encher-se do Espírito Santo
refere-se a uma vida de santidade e comunhão genuína com Deus, por meio da
oração, leitura da Palavra e vida piedosa.
Ao dirigir-se a igreja de Colossos, o apóstolo Paulo diz
para os irmãos deixarem a “paz de Cristo” governar seus corações, permitindo
que a “palavra de Cristo” habitasse ricamente suas vidas (Col 3.15-16).
Quando Paulo escreve em Efésios 5:18 “... não vos embriagueis com
vinho, no qual há dissolução..”, este se refere a religião pagã dos gregos,
onde o culto pagão de adoração a Dioniso (Baco), o deus do vinho, era
marcado por um ritual que seguia vários estágios de embriaguez, tidos como
incorporações da divindade nos participantes, inspirando profecias, danças
frenéticas, e música. Tal culto era dissolução e orgia. Era uma religião
da carne e da idolatria. A fé cristã, porém, contrasta esse viver da embriaguez
mundana com o encher-se do Espírito Santo.
O Cristão cheio do Espírito, em contraste com a embriaguez,
não tem andar cambaleante: “Portanto, vede prudentemente como andais,
não como néscios, e sim como sábios”(Efésios 5:15). O cristão anda de forma
equilibrada, sabe muito bem onde pisa e o que deve fazer a fim de agradar a seu
Senhor. Ele anda de forma sábia: “O sábio é cauteloso e desvia-se do
mal, mas o insensato encoleriza-se e dá-se por seguro” (Provérbios
14:16).
O Cristão cheio do Espírito, em contraste com a embriaguez,
não tem “dias perdidos.” Ele está sempre “remindo o tempo, porque os
dias são maus” (Efésios 5:16). A expressão “remindo o tempo” é a mesma
expressão grega, que vem muito bem traduzida em Colos. 4.5 como: “aproveitai
as oportunidades.” Devemos confiar no Senhor em todo tempo. O salmista
exclama: “Confiai nele, ó povo, em todo tempo; derramai perante ele o
vosso coração; Deus é o nosso refúgio.” (Salmos 62:8). Devemos remir
nosso tempo, aproveitando-o para a glória de Deus.
O Cristão cheio do Espírito, em contraste com a embriaguez,
não tem a mente entorpecida: “Por esta razão, não vos torneis
insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor” (Efésios
5:17). O cristão deve ter sim clareza de mente para fazer a vontade de Deus.
Paulo diz que nós temos a mente de Cristo (1 Coríntios 2:16). O que deve
ocupar a mente do Justo? Paulo responde em Filipenses 4:8: “... tudo o
que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é
puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se
algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”
O Cristão cheio do Espírito, em contraste com a embriaguez,
não tem coração ingrato. Ele está “dando sempre graças por tudo a nosso Deus
e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Efésios 5:20). Paulo
reforça este princípio ao escrever aos irmãos de Colossos: “Habite,
ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente
em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos
espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Colossenses 3:16). Devemos
ser gratos a Deus por tudo o que Ele nos tem dado.
Por fim, o Cristão cheio do Espírito, em contraste com a
embriaguez, não tem problemas de relacionamento. Paulo completa dizendo:
“sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo” (Efésios 5:21). O
amor ao próximo é um mandamento, um desafio a ser conquistado: “O meu
mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (João
15:12). Lembre-se que devemos ser suporte, e não um peso, na vida de nosso
próximo.
Cabe aqui uma última reflexão: Temos sido cristãos cheios
do Espírito Santo? Paulo diz que devemos nos encher do Espírito Santo a cada
momento, a cada dia, como prática constante em nossas vidas. Que possamos
aceitar esse desafio para vivermos na plenitude da graça de Deus, ricos de fé e
cheios de amor, em plena comunhão com Cristo e com o nosso próximo.
(É permitida a reprodução total ou parcial deste texto, desde que seja citada a
fonte)
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